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'A gente leva da vida amor, a vida que a gente leva (8'
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Dando continuidade ao nosso estudo sobre o conceito das cartas, seguiremos com uma carta emblemática do nosso baralho de estudo, O Caixão.
Estamos na esfera das grandes transformações! Aproveito para listar, sob a minha ótica, a diferença clássica entre mudança (Navio) e transformação (Caixão). Uma mudança, mesmo intensa, pode ser revertida e tudo voltar a ser como era antes. Quem vai, pode voltar. Que volta, pode ir. A transformação é algo que vai além!
Penso num girino, que jamais voltará a sê-lo após ter se transformado sapo. E assim é com borboletas, répteis e nós seres humanos. Somos marcados por grandes transformações durante toda a nossa vida, e por isso que a vida é tão intensa, como é.
A carta do caixão revela um momento em que é necessário dá uma grande reviravolta. Apesar de que o layout carrega uma conotação que remete a morte, e a depender da combinação, essa carta pode realmente estar anunciando um falecimento, então, é interessante saber que morte não é o assunto principal dessa carta, e sim, transformação.
O caixão carrega consigo a imagem de um grande liquidificador, que processa tudo aquilo que já não queremos mais, e nos dá, sob nova condição, a oportunidade de recomeçar diante do novo. Posso dizer ainda que, o caixão encerra ciclos pra uns, e transforma o caminho de outros, no mesmo momento, na mesma história.
Há uma "sombridade" porque o novo assusta e também, há o recomeço que é a grande sacada de quem quer ser feliz. Nós, de forma geral, somos tendenciados pelo nosso inconsciente a permanecer em nossa zona de conforto e o Caixão é a mola que nos tira dela. Não há como entender o caixão como transformação, sem atrelar esse entendimento a aceitação, porque como dito antes, após o processamento, encerra-se o velho. E esse encerrar é sinônimo de não voltar mais, meu amor. Fazendo buscas na minha memória sobre as características do caixão, recordei-me de uma frase que escrevi há muitos meses atrás, e aproveito para citar agora:
-Derrubar o mundo não o torna uma pessoa forte, mas estar de pé quando o mundo cair, sim.
Concluindo, não quero dizer com isso que o caixão revela apenas o que é negativo, mas que temos que estar preparados para todas as situações que a vida nos apresentar, sempre. Então, além de transformação e aceitação, podemos citar aqui também a superação. Alguém já disse um dia, e eu repito bem bonito: Se a vida te der limões, faça uma rica limonada. (Beijonoombro).
Ainda, sob a ótica de alguns cartomantes, temos o Caixão das seguintes maneiras:
"Caixão o fim de tudo e o recomeço de tantas outras que ainda se encontram na sua obscuridade"
(Jacqueline Vieira)
"Com o caixão aprendemos que tudo tem um prazo de validade. Mas assim como um ciclo termina outro começa , por isso não há como evitar essa dádiva da natureza"
(Flávio Cardoso)
"Fim de um ciclo e início de outro"
(Cida Figueiredo)
"Sei que não é fácil abandonar velhos conceitos ou quebrar um padrão de comportamento, mas acredito, como terapeuta, que na vida tudo é passível de transformação, de renascimento, de renovação"
(Tânia Durão)
A Escola Brasileira e O Caixão:
Temos aqui uma associação que pode causar um pouco de medo. Mas, stop! A carta do caixão tem uma associação, por conta do conceito "morte" à Egum. Vamos começar quebrando vários paradigmas sobre essa "personificação". O Egum é basicamente alguém que desencarnou. E agora eu mostro porque não existe o fim de final absoluto, mas o fim do ciclo, para início do outro. O Egum recomeçou a sua caminhada, após perder a carne, e sob a nova fase de espírito, teve que continuar. Existem diversos tipos de Eguns, que vão desde os espíritos obsessores até a linha mais alta dos Egum, que são também chamados de Babás e são verdadeiras luzes, no ramo do conhecimento sobre a vida e o aprendizado.
De acordo com algumas lendas, Egun é o 9° filho de Iansã, e ela é a única Yabá (Orixá Feminina) a participar do culto dele, pois compete a Ela, também, orientá-los após terem desencarnado.
Uma das muitas possibilidades de interpretação do Caixão, seria a presença do Egum, mas nunca podemos dizer de imediato que essa presença é negativa, visto que nem todo Egum é desencaminhado. Associada ao Urso, podemos ter aí o caixão evidenciado um Egum Obsessor, por exemplo.
Tudo é técnica, vivência e acima de tudo, fé :)
Todos nós somos espíritos aprisionados dentro de nossa carne! Um dia, esse ciclo se romperá, para que um novo e quem sabe, mais longo, começe.
Que o Caixão de nossas almas se abra, e faça renascer em nós a esperança em dias melhores.
Mil beijos,
Kêu Salvador.