Há muito me pego pensando sobre a mágica fonte de
saber que rege a cartomancia, sobretudo no Brasil, e me faço sempre a mesma
pergunta: É dom?
Me pergunto, e a prática constante, além de muita
leitura sobre o assunto me fizeram perceber que, NÃO! Mas então Kêu, explica!
–Tá bom -
As cartas nos fornecem, num jogo de imagens,
figuras simbólicas perfeitas para a construção de uma frase, num tipo de
matemática muito lógica – as vezes -. Costumo brincar sempre que, um mais um
são dois, e ponto final. A partir daí, outros fatores começam a ganhar forma, o
que delimita a diferença entre cartomante A, B, C e D.
A cartomancia é possível para aquele que se
permite, estuda, analisa, ouve, fala e possibilita uma via de mão dupla:
Oraculo e Oraculador. Jogar cartas nada mais é do que ouvir a voz que cada
imagem fala, no primeiro momento. E me atrevo a dizer que, essa é a premissa do
aprendizado: -Você vivencia a carta, experimenta-a e começa a perceber se o
comportamento dela no jogo, tem haver com o que a imagem te disse. E assim,
você anda na tangente da espiral do conhecimento: Construindo o saber! Essa é a
sua base de discussão. Embora cartomante J e H digam que carta Y se comporta de
X forma – porque experimentaram assim -, você vai poder defender a sua vivência,
tendo como base o conceito padrão de cada carta – sem menosprezar a dos demais -.
Discutir ideias, e até mesmo discordar, nunca
pode ser sinônimo de desrespeitar.
Falando de forma mais clara, você estuda, pratica
e pronto, o tempo construirá o que falta. Acontece que esses passos nunca
poderão ficar para trás. Não há regras, apesar de haver bases. O bom
cartomante, ou melhor dizendo, a boa cartomancia é infinita, sem nenhum tipo de
engessamento.
Cada jogo traz consigo uma nova tônica, ou quem
sabe, um novo conceito. Cabe a mim, a você, a qualquer cartomante, saber fazer
um paralelo entre a descoberta e o desprezo. Sim, porque você pode simplesmente
ser o cartomante que domina a técnica, mas desconsidera a essência do “se
permitir”, tendo em vista de que qualquer carta pode mostrar a você um novo
aspecto que, mesmo com o olhar mais apurado no momento, você não tinha visto.
Eu penso que o descobrimento também tem haver com o estado de espírito. Por
isso que o estudo aliado a prática, tem que ser constante, porque a todo
momento, mudamos o nosso ponto de vista – poucos reconhecem -.
Ninguém tem propriedade sobre o conceito das
cartas de nenhum oráculo de cartas, tendo em vista que a cartomancia é, além de
tudo, vivência. Somos detentores do conhecimento. Melhor dizendo, do nosso
conhecimento sobre. E aproveito a oportunidade para citar Paulo Freire, quando
diz que não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes.
Super concordo
com essa ideia. Muitos cartomantes experientes, com mais de 20 anos de
cartomancia ou até menos, julgam-se experts no assunto e a ideia que me passa é
que eles pensam: JÁ SEI TUDO! Bom, só lamento por eles. Eu não sei nada, e
quanto nada sei, tudo quero buscar. E aquilo que eu formo é apenas um grão,
perto de tudo que ainda há para se descobrir. Portanto, eu respondo a pergunta
originadora deste “artigo” dizendo que cartomancia nada se liga a religião ou
qualquer tipo de dom ou mediunidade permissiva. Esses fatores podem auxiliar a
leitura, claro! – Deve ser tudo ter uma Pomba Gira cigana explicando no pé do
ouvido rsrs - Mas, temos que deixar claro que a cartomancia é feita em cima de
estudo e prática, o que vem além disso é complemento!
E apenas para construir de vez um raciocínio
sobre o assunto, eu digo que cartomancia é pré-disposição.
Aff, me deu a
sensação de ter resumido todo o texto, em apenas uma frase hahahaha
Beijôô ;)
Kêu Salvador